sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Solidão



É inverno. Estou no meio de um deserto e o frio que sinto agora, além de percorrer todo o meu corpo, gela meu coração.
Sou espectadora e ao mesmo tempo vivencio a brutal desgraça que se abate sobre os seres humanos. Seres humanos??? pergunto eu...São massas que passam umas pelas outras, não se falam, não se tocam, não se sentem. São apenas máquinas, nada mais.
As ruas de asfalto são enormes e meu coração torna-se tão pequeno diante de tanto embrutecimento, concreto/aço.
Estou parada e recebo o vento frio na cara como se fosse uma rajada de metralhadora. Mas eu não caio. Nem ao menos me movo, sinto a água da chuva a escorrer sobre meu corpo e assim me deixo ficar. Molhada.Ensopada.O frio não existe mais, eu o venci. O que existe agora é só um corpo inundado pela chuva e pelas lágrimas que banham minha alma nessa imensa solidão de carros que buzinam sem cessar. E eu continuo ali. Exposta a crueldade daqueles que se julgam protegidos por seus guarda-chuvas. Eles me olham. Será ela uma louca??? E por que não???...O que é ser considerada louca, por pessoas que se julgam tão normais , controladas e controladoras???
O corpo cai, pois, às vezes, não suporta mais o peso e a angústia do isolamento, da solidão e da condição de ser um bicho humano que luta desesperadamente consigo mesmo. Difícil é, mas não impossível, vencer esse rio de asfalto, esses monstros enormes que se erguem vindo diretamente ao meu encontro. Procuro descontroladamente correr, reagir, mas não consigo, pois o corpo está imóvel, como se grudado ao chão e se mistura agora com o que restou da chuva ou será que se mistura com o que restou de si próprio???...

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